Através de uma conversa com o amigo e colega Diego Vasconcelos, vale a pena relembrar a história do Moleiro de Sans-Souci...
Em 1745, o Rei Frederico II da Prússia,
ao olhar pelas janelas de seu recém-construído palácio de verão, não podia
contemplar integralmente a bela paisagem que o cercava. Um moinho velho, de
propriedade de seu vizinho, atrapalhava sua visão. Orientado por seus
ministros, o rei ordenou: destruam o moinho! O simples moleiro (dono de moinho)
de Sans-soussi não aceitou a ordem do soberano. O rei, com toda a sua
autoridade, dirigiu-se ao moleiro: Você sabe quem eu sou? Eu sou o rei e
ordenei a destruição do moinho! O moleiro respondeu não pretender demolir o seu
moinho, com o que o rei soberano redargüiu: você não está entendendo, eu sou o
rei e poderia, com minha autoridade, confiscar sua fazenda, sem indenização! Com
muita tranqüilidade, o moleiro respondeu: Vossa Alteza é que não entendeu:
ainda há juízes em Berlim!
Moral da história: é importante estimular a
consciência cívica e rememorar a biografia desses grandes homens que fizeram a
história da humanidade, para que não se percam os poderes de indignação e de ação. O
moleiro não sabia se os juízes de Berlim iriam decidir a seu favor e isso não
era o mais importante. O relato serve para não permitir o esquecimento sobre a
importância da independência do magistrado - valor dele inseparável. A condição
de livre, honesto, independente e obediente sim, mas apenas à lei e à sua
própria consciência. Como dizia Cícero em sua antítese: “Devemos ser escravos da
lei para poder ser livres”.
“O direito é uma proporção real e pessoal, de homem
para homem, que, conservada, conserva a sociedade, corrompida, corrompe-a”
(Dante Alighieri).
Essa história é verdadeira e, em momentos importantes, merece
sempre ser lembrada. O moinho (símbolo de liberdade) ainda impera soberano ao
lado do Castelo (Palácio de Sans-soussi, em Potdsdam, cidade a 30 minutos de
Berlim).
Fonte:
http://palavrasoutras.blogspot.com.br/2007/04/ainda-h-juzes-em-berlim.html