terça-feira, 2 de abril de 2013

POLÍCIA FEDERAL ALTERA PROCEDIMENTOS DE INVESTIGAÇÃO (será?)


A notícia chama a atenção por vários motivos, vejamos:
1o) Alterar procedimentos de investigação é um ponto (muito) favorável sim, principalmente, quando pelos métodos, (mal)ditos tradicionais, a regra é a violação de direitos fundamentais.
2o) Notem que a orientação para a "seletitivadade" nos pedidos de prisão é fundamentado numa questão operacional tão somente, corroborando-se assim o caráter seletivo e estigmatizador da atuação policial.
3o) Assim, não se pode olvidar que "antes", pelo que consta, a regra então era representar pela prisão de "todos".
4o) Acabar-se-ão os mandados de busca e apreensão genéricos?!
5o) Pode até ser que, oficialmente, na época das operações Satiagraha e Castelo de Areia, as interceptações telefônicas eram meios de investigação em apenas 0,5% dos inquéritos policiais. Mas lembrem: apenas oficialmente...
6o) Entretanto, realmente, o fato é que o método de investigação com violação de direitos fundamentais, principalmente através das interceptações telefônicas e ambientais, são usadas em prima ratio, em flagrante ilegalidade formal e material.
7o) Além disso, convenhamos: existem as investigações formais e as "não-tradicionais"(vamos chamar assim). O que importa é encontrar, descobrir, custe o que custar...
8o) Uma pergunta final: depois dos direitos fundamentais (meus, teus, nossos) violados, como restaurá-los ao status quo ante?

Prof. Matzenbacher




POLÍCIA FEDERAL ALTERA PROCEDIMENTOS DE INVESTIGAÇÃO

Com influência direta do Poder Judiciário, que anulou operações sob a acusação de violar direitos individuais, a Polícia Federal mudou os procedimentos e o padrão de investigações, buscando abrir mão de técnicas invasivas como as escutas telefônicas. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.

O diretor-geral da PF, Leandro Daiello Coimbra, explicou que atualmente o grampo só é feito em último caso. Além disso, há uma orientação na PF para uma maior "seletividade" no pedido de prisões, porque um número excessivo de detidos pode tumultuar inquéritos e ações judiciais. 

Ele conta ainda que houve alteração também nas buscas e explica que agora o importante é saber o que não deve ser apreendido. 

Coimbra era o chefe da Superintendência Regional da PF em São Paulo em 2008 e 2009, quando foram deflagradas as operações satiagraha e castelo de areia. Ambas foram anuladas pela Justiça, após advogados acusarem a PF de abusar de técnicas invasivas, como escutas telefônicas e quebra de sigilos. 

Coimbra considera que "as críticas foram injustas" porque, mesmo na época, os inquéritos com interceptações eram minoria (0,5%, segundo ele).

O novo modelo de operações da Polícia Federal é evitar operações gigantescas. Segundo Coimbra, o ideal é abrir inquéritos específicos se houver vários crimes de natureza diferente, para que as apurações fiquem "mais objetivas".

Para dar mais agilidade, outra nova orientação é a de que, se surgirem políticos ou outras pessoas com foro privilegiado nas apurações, as informações sobre eles devem ser separadas logo no início para envio aos tribunais competentes, que abrirão procedimentos investigatórios próprios.

De acordo com o diretor-geral da PF, a operação porto seguro (que investigou um esquema de compra de pareceres em órgãos federais), no fim de 2012, já seguiu a nova de linha de atuação.

Ele explica que inicialmente não havia necessidade de escutas na operação, porém os grampos foram pedidos à Justiça, em caráter excepcional, porque o delator do esquema avisou a PF que estava sendo procurado por um acusado. 

Revista Consultor Jurídico, 30 de março de 2013.

FONTE: 
http://www.conjur.com.br/2013-mar-30/pf-altera-procedimentos-investigacao-anulacoes-justica