terça-feira, 24 de março de 2009

Após a decisão ímpar do STF, vem o Poder Legislativo!

Pessoal,
observem bem essa situação: nossa Corte Constitucional (STF) acabou de consagrar o máximo respeito ao princípio da presunção de inocência no processo penal, como corolário do princípio estruturante da dignidade da pessoa humana, e nossos Legisladores já pensam em "burlar" a decisão do Supremo. É impressionante como no Brasil, os Parlamentares parecem necessitar editar leis restritivas aos nossos direitos fundamentais. Parece ser sempre "pelo repressivo insano e pelo excesso de criações punitivas", como diz o Prof. WUNDERLICH, que o nosso Poder Legislativo trabalha na seara penal. Entretanto, a "condição humana" em consonância com os ditames constitucionais, começa a criar raízes (sólidas?) e permear o atual pensamento da Corte Constitucional brasileira, primando por um verdadeiro processo penal de garantias.
Boa leitura!
abraços,

Prof. Matzenbacher



A Câmara analisa o Projeto de Lei 4658/09, do deputado Marcelo Itagiba (PMDB-RJ), que sujeita o réu condenado em processo criminal ao cumprimento da pena prevista na sentença mesmo se houver recurso especial ou extraordinário pendente de julgamento.

O assunto ganhou destaque após julgamento de habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF), no início do mês passado, em que prevaleceu o entendimento de que o réu tem, em regra, o direito de permanecer em liberdade até o julgamento final de todos os recursos cabíveis. 

De acordo com a decisão, a prisão antes do julgamento final é possível, mas apenas em casos excepcionais - se o réu solto puder comprometer a produção de provas, por exemplo -, que deverão ser fundamentados pelo magistrado.

Presunção da inocência
O STF argumenta que o chamado princípio da presunção de inocência, que fundamenta esse entendimento, justifica a manutenção da liberdade do réu ainda após o exame final das provas no processo, o que se dá no julgamento em segunda instância. Dessa forma, o réu pode continuar livre mesmo se houver recurso especial ou recurso extraordinário em processamento. 

O projeto de Itagiba, que vai em sentido oposto ao entendimento do STF, assegura o direito do réu de permanecer em liberdade apenas até a decisão de segunda instância. O deputado argumenta que a orientação do Supremo "não pode continuar, sob pena de descrédito do próprio Poder Judiciário, principalmente da primeira e segunda instâncias".

Marcelo Itagiba lembra que no sistema brasileiro os recursos especial e extraordinário não possuem efeito suspensivo, ou seja, não impedem a aplicação da sentença. Para ele, é simplista o argumento de que essa regra é genérica e não pode ser adotada em relação ao processo penal.

Para antecipar o marco inicial da aplicação da pena, o projeto basicamente substitui a "trânsito em julgado da sentença penal condenatória" por "decisão condenatória de segundo grau de jurisdição" no texto da Lei de Execuções Penais (7.210/84).

Tramitação
O projeto será analisado pelas comissões de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado; e de Constituição e Justiça e de Cidadania, antes de ser votado pelo Plenário.

Fonte: Câmara dos Deputados